"Todos somos espinhos em potencial, apenas exalamos perfume para disfarçar."



quinta-feira, 28 de abril de 2011

Love Fake


Ainda me surpreendo com a velocidade das coisas. No século da comunicação instantânea e móvel, o amor parece que perdeu o sentido.

Hoje as pessoas buscam mais intensamente viver paixões avassaladoras, hoje, quer-se alguém para chamar de seu, mesmo que esse alguém seja em forma de pixels, na tela. Toda essa busca desenfreada por sentir, confunde, ilude, deturpa e extingue o amor puro e bruto.

Ainda me lembro das aulas de literatura, dos poetas que morriam de paixão, dos amores platônicos e confesso, queria sentir aquela paixão, que só por existir já bastava, sem qualquer reciprocidade.

Nesses dias que se seguem, conhecer não é tão importante, saber o nome, CEP e idade, já basta. Nome para ter a quem denominar de amor. CEP para justificar a falta de contato e lamentar a distância. Idade para fugir das leis e ponderar a maturidade.

As pessoas perderam os sentidos ou fui eu. Mesmo completamente submerso no mar da comunicação virtual, preservo meus amores, minhas sensações, meu prazer, meu ser. Mesmo julgado a todo instante por estar vendo parte da vida através da tela, sei que aqui, por mais intocável que as peles sejam, os corações são atingidos diretamente. Mas venho me assustando dia após dia.

Antes se amava o ser, o convívio, os momentos, as ações. Hoje, ama-se a figura e o que aquela foto mostra. Mesmo sabendo que não conhecemos completamente, nem aqueles com que dividimos o teto, conhecer alguém, por inteiro aqui, através da tela, é difícil. Hoje, ama-se o que as pessoas permitem ver. Ama-se quem desejamos ser…

O amor com o passar dos dias, vem mudando de forma nos olhos e corações de alguns. O sentir é mais importante, mesmo que seja passageiro e ilusório. Ainda acho que “eu te amo” é artigo de luxo, e difícil de dizer. Ainda acho que nasci para sentir de verdade e não para: loves fake;

terça-feira, 5 de abril de 2011

Conformismo Irritante


Vivemos no mundo da imediaticidade, no tempo do click onde um toque modifica toda uma realidade e ainda assim, depositamos tudo nas pobres mãos do tempo. O ser humano é dotado de um conformismo irritante. As pessoas hoje são passivas do próprio destino, são reféns dos próprios hábitos, presas aos próprios costumes, paradigmas e preconceitos. Se hoje nada der certo, acredito que um dia tudo dará. Se eu te amo e não te tenho hoje, sofrerei até o belo dia que possamos ficar juntos. Se eu não posso hoje, amanhã é outro dia. Quando será esse dia? Eu juro que desejaria saber quando é o tal dia que todos almejam e nunca vem. Por diversas vezes vivemos infelizes esperando um ato, uma ação de alguém. Por muito tempo ficamos sofrendo por algo que temos certeza que nunca virá. Ah, quantas vezes iludimos nossos próprios corações, com palavras que foram ditas e deturpamos? Quantas vezes gostaríamos de fazer algo, mas não o fazemos esperando um tal momento apropriado que mal se sabe se existirá? A expectativa de vida do brasileiro ronda os 78, 79 anos… Em pouco tempo seremos um país de velhos inconformados. Inconformados por termos nas mãos um poder inigualável de transformação, um poder de realização, uma capacidade modificadora e modeladora de situações que mal sabemos explorar. Hoje, usamos até a tecnologia e as músicas para coagir e causar separação. Hoje tudo se torna arma. Hoje, esperamos o futuro e mal escrevemos o presente. Hoje sentamos, lemos, engolimos e é isso mesmo. É muito mais fácil balançar a cabeça do que arregaçar as mangas da camisa.

Kelly Clarkson - Breakaway